segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Três vivas para Mário Bortolotto

Ao contrário de um franguinho lazarento como o Castro Alves que morreu de gangrena depois de dar tiro no próprio pé, Marião tomou dois tiros e continua vivo, tendo recebido alta hoje pela manhã.

Castro Alves, que deveria ter morrido antes de escrever tudo o que escreveu, assim como Machado de Assis, também criou teatro mas, o teatro brasileiro, em minha opinião, se inicia com Oswald de Andrade, passa pelo Nelson Rodrigues, avança com Plínio Marcos e algum Millôr Fernandes e desemboca no Mário Bortolotto, sem dó. Em paralelo ou quase em paralelo, alguns diretores como José Celso, Antunes Filho e Gerald Thomas.

Mas, enfim, eu queria saber onde estava o covardão do Mirisola no momento do ocorrido com o Marião? E, pra finalizar, um poema.

Mário Bortolloto
É baleado mas não morto
Recebe alta e vira outro
Mas continua pelo esgoto.

Marginal com tempo errôneo
Pela arte se mantém idôneo
Não nos relega ao abandono
Hoje de nosso teatro é dono.

Bortolouco de pedra
Bebe que é uma bebeleza
Escreve crueldades sem beleza
Trazendo o real de nosso país
Que de tão infeliz
Mete o pó pelo nariz.

Nariz na histeria
Marião na alegria
Mostrou que é guerreiro de fato
Vai lá mano, continua o seu teatro.

domingo, 13 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Somplexidade

Simplexos movimentos
Somplexos
Complexos
Simples fixação
A vida como ela é
A vida com ela mané
Solilouco num solilóquio
Solo e louco no sol rosado
Palavras iluminadas
Leitreiros de estabeleci mentes comercial.

Leite vira leitra violeitra
E eu bebo tudo com nescau
Achocoenlatado bate-lata
Holográfico holodum
Hortografia no ortoflorestrelar
Tem hora que a gente se pergunta
Porque que é que não se junta
Tudo numa coisa só.

O coisecimento, a coisificação
Coisistência da coisa coexistencial
Coexistencianalogiacometti escultura
Istraliana estrale Ana estrela emana
Dentro de mim, o urso ainda pulsa
Pelúcia eu sou quem realiza o FATOssíntese
Com pura MATAlinguagem
A linguagem não existe
Ela não é, ela está
Circulançando-se pra frente rente ente
Eu sou você que me lê
Sou você que eu li e
Que escreveu parte de mim.

Sou o que vi, o que não vi, o que vivi
Sou o que penso e pensaram de mim
E o que não pensaram de mim, ainda sou
O maior homem livre, solto, Souto é meu nome
Voando como pássaro sem destino
Não me apregando em nada
Ainda que me apregue em tudo
Como um quadro na parede de sua memória
De minha memória, de nossa memória co-eletiva
Eleita por todos nós, laços e cadarços que nos amarram
Pelos péssamentos, espaçamento sem tempo
Tempo sem espaço. Tic-tac no vazio, no vácuo, no ar.

Só enquantropológico eu reispiraro vou me lembrar de você
De mim, e de tudo o que me cerca: viver é tão bom.

Quero viver mil anos, dez mil anos, cem mil anos, CI mil anos
Sem contar o tempo passar, perdendo o relógico triológico
Trilho lógico a vida emocional.

É quilo de brado equilibrado
O grito que o Ipiranga ou viu, ou escutou, sem dizer nada.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

M-E-D-O

Artur Nestrovski é contratado como novo Diretor Artístico da OSESP e Tortelier efetivado como Regente Principal.

E não é que vão jogar o projeto do Neschling no lixo?

Pelo jeito ano que vem, que ainda tem resquícios da programação feita pelo Neschling, será o último que acompanharei a orquestra.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Concerto Literário - 3o Movimento

mergulhado imerso e ilhado em verso estando do outro lado submerso manifestando o que é alado me meço e me arremesso empestando com o que tenho falado dessa vez espetando venho calado tendo escalado o escolado escolhido e colhido pelo que por mim tolhido tornou-se o fim da libido que brado remido quebrado na borda que me dobra me cobra me sobra na obra que abro então macabro em tom tão brabo me orgulho do mergulho cujo no escuro agulho e furo em fúria e a agulha se fia e enfia enfim a sofia em uma fase já em ênfase e assim engendra a mim mais um dia na fenda sem renda já rendida e apreendida porém mal entendida tendida sem medida na média da comédia partida sortida na sorte ida de uma ferida preferida que ao ser proferida lida com o não lido livro compelido do livre expelido sem apelido pálido e esquálido sem qualidade na qual a idade com seu aval oval lava a vala da palavra que se cala em escala industrial do dois ao trial primordial no mero número ordinal primo pelo original e ordinário de um ovário literário vário que eu canto como canário e encanto neste cenário construindo meu planetário destruindo seu monetário explodindo levando ao cemitério esse monastério etéreo que com seu mister mistério nos joga no canteiro e roga ao mundo inteiro um falso pensamento verdadeiro trazendo o sofrimento derradeiro mas de minha verdade total alcança-se uma realidade tal no fato do fatal fetal letal metal pré-natal na tal pré-concepção da acepção sem decepção nem decapitação pois sou a opção que ninguém veta sou a escolha certa e sendo assim me ensandeci ao do ser descer e dizer que a guilhotina e sua rotina cretina já eram já erram já encerram nos gritos que se berram em mim porém o som ultrapassa as barreiras da pele o ruído perpassa as carreiras em série e sério me leve me releve me revele ao revés do que se atreve através no viés revirado que revi errado e viera nas cantigas de antiga era já de mim se espera uma nova tela uma nova cela mais nove cores em uma aquarela e a querela entre passado e futuro o que ficou e o que virá a ser começa a nascer aqui ou além no amém do aquém destinado a quem deste nado vai mais fundo mergulhando como eu fiz e refiz no refil do fuzil vazio sombrio com brio levantando dos escombros para que dando de ombros dispensasse os bombeiros e pensasse as beiras de novas frontes inteiras nas fronteiras que me dão tonteiras e tudo roda pinta e borda sinta a corda que lhe prende vá até onde compreende sem medo de se sentir cedo pendido a um dedo de estar arrependido não se arrependa não se renda não se venda não vende seus olhos ainda há muito por vir e ver

Concerto Literário - 2o Movimento

no hospício o auspício de um vagamundo imundo habitante do gigante gritante submundo percorrido bem profundo decorrido num segundo no qual confundo o que afundo e fundo findo a fenda formal cheia de formol que me faz mal pois seu perfume performer perfura a pura dura matéria etérea estérea esférica e eufórica sem cólica do mênstruo a ação a declaração do claro são a proclamação da exclamação em sua armação que surge e ressurge em sua arma em seu carma em seu darma na sua farma em Parma onde o cu ativo gera a hera e o cultivo da letra artesã de uma destra arte sã em sua plena consciência com o plano da ciência plana a vivência da experiência sem latência tencionando e acionando o novo de novo no ovo do povo em polvorosa na pólvora da prosa leprosa que se espalha se malha se atrapalha mas não falha na folha que se valha sendo várias árias de páginas em branco canalhas todas pleiteadas para serem completadas com pétalas sonoras senhoras complicadas com picadas é o fim do sim na solução do não no solo da canção sem explicação no colo sem aplicação decolo sem o ápice então no conto da razão de um ponto em erosão sou a corrosão a ruptura e a pintura em abstração sem obstrução nem obturação obter o habitar é o que me salta me assalta aqui estão em questão tudo aquilo que me falta pois já não sei aonde moro na onda que me demoro e ando lento ao relento no meio do vento sem mais semas busco saber o quanto valho no lusco-fusco vejo muita água numa gota de orvalho na qual resvalo e revelo o belo prelo no elo do amarelo que eu selo para sê-lo no zelo do vermelho ao ver melhor o coelho e seu sereno dístico tão místico no misto esquisito sem quesito situo a situação sem tua ação continuo o hino menino atrevido atroz vivido indo sem ter vindo com o zumbi do zumbido retinindo ereta mente fluindo retilíneo partindo em linha reta seguindo em frente enfrente a fronte inimiga e migre carregando toda a força de um tigre vá voe viaje veja e reveja seja do bolo a cereja para que o tolo não perceba a potência de sua seiva chame a responsabilidade proclame impondo habilidade inove em liberdade a linguagem já tão suja do texto retrógrado simplesmente fuja rompa a grade corrompa mas agrade não se omita não permita que a escrita se degrade se segregue escreva sim agregue valor no rolar do criador desenrole sua prole com a prolepse que lhe escolhe toque sua gaita-de-foles mas jamais se desfolhe porque o passado já não lhe engole, o passado já não lhe tolhe mergulhe no futuro e assim se molhe

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Concerto Literário - 1o Movimento

quero a estética forma que poética se deforma sendo cética sem norma pois não se conforma com a chatice da mesmice cheia da idiotice de quem falou muito e nada disse e por isso do reto da forma direto na norma derreto a fôrma que disforme retoma e toma a dor de um hematoma que some na soma e retorna com o caldo que entorna e na divisa avisa visa ficar com o saldo que se estorna fétida e caquética a estética que se sentia ultrapassada pela galinha assada quis ser polimórfica na polis mórbida dentro do pórtico de um centro nórdico dinamarquês nas marcas dos porquês do pôquer jogado pelo gado drogado e alienado que chega ali no cassino a nado e cá ensino nada já que a nossa sina nasce nessa fina néscia pois nascia às pressas presa na mãe represa de um cordão gramatical rompido e interrompido por poeta corrompido pelo comprido desejo ativo de ser criativo num ensejo vivo cheio de transparência e assim se transpareça e não pereça o pretexto de pôr no texto um contexto que esperemos e esprememos para sempre em desatino que agora o destino corra e nunca morra continuando adiante sendo a jornada eterna e fraterna como um diamante nessa busca intensa de uma cor propensa ao brilho na trilha eu trilho pela ilha do estribilho sendo da maravilha o filho reluzente cuja luz no repente se faz presente no muro do futuro da cura que procuro para a doença que não mais aturo e a literatura pega de surpresa me diz que eu piro que eu a tiro do escuro enquanto os leitores me chamam de obscuro e os críticos de impuro mas o que sabem néscios leitores e críticos além de serem péssimos eleitores dos políticos e sendo assim continuo meu caminho no rodamoinho sonoro que oro e decoro no coro dos contrários para encontrá-lo sim ele o fruto futuro duro e maduro na madeira puro a ser esculpido em doze tábuas árduas e disformes pois a forma não tem fome pois a forma não tem nome pois a forma me consome com sono e com sonhos de sons eqüidistantes que eu quis distantes nas estantes de antes porém mormente neste momento vem o depois se era um hoje são dois e amanhã já serão três mas quantos virão daqui um mês um exército em exercício eu cito e excito no talhão e formando um batalhão pelo então orgulho do pelotão há um borbulho do frontispício e na frente do hospício eis que surgirá o que nos aguarda se cingirá a nova vanguarda vangloriando-se e alegrando-se na alegria da alegoria da qual meu ego ria no termo término de uma noite delirante com a lira da palavra (forma) sendo amante

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quando eu morrer
Minha obra será póstuma
Póstduas, pósttrês
Póstinfinitum.

As palavras que criei
Farão parte da antropomagia
Da língua portuguesa
Em tempo de estagnação.

Escrevendo, escreouvindo,
Escretocando, escrecheirando,
Escredegustando,
Faço as palavras terem sentidos,
Que aqui não são sinônimos de significação.

Minhas palavras,
Dependendo do dia em que nascem,
São de Libra, Leão, Escorpião,
Virgem ou qualquer outro signo
Simplesmente porque elas signoficam tudo pra mim.

De algumas me alimento
Com outras faço amor
De umas sou filho
Para outras sou pai.

Com todas sou feliz.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Culto e Grosso

Por obséquio madame,
Poderia redargüir
Se pensa ser instigante
A idéia de efetuarmos
Os mais sórdidos,
Asquerosos e nauseabundos
Atos libidinosos
Entre nós?

Loucura

terça-feira, 24 de novembro de 2009

MuDANÇA de vista

Um dia a escrita será corrompida para não usarmos mais pontos nos finais das frases,
quando este dia chegar aniquilaremos nossos pontos de vista, transformando-os em vírgulas de vista,

Eu prefiro assim, as vírgulas são mais extensas e flexíveis,
além de apontarem para dois lados contrários entre si,

A vírgula de vista é uma visão diferente das idéias,
mais ampla, mais justa, mais imparcial e mais completa,
simplesmente porque expõe e avalia fatos sem concluir,
as vírgulas de vista virão para mostrar-nos que a conclusão não existe,
e até isso é algo que não sei se é uma conclusão, e pronto,

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Linguarudo novo

Em uma sala
Com ar condicionário
Sou ventrílouco
(Ventre louco).

Obstrinado lexicalmente
Faço das palavras
Marionetas (das quais sou avô).

Elas nasceram
Flexinvencíveis
Provenientes do ventre de minha filha
Apos ter seu diciovário fecundado por meus toques.

Sou como um rei Mid(i)as verbal
(Es)trago e fumo minha reisponsabilidade
Desequilivrando letras buscando um equilivro
Dentro de uma língua que custa a morrer:
Esquelento portugues na aranha-céu de nuvens
Uma léngua que estremerece apaguar-se diante de mim.

Sou como um mar que em gole engole o riacho
Para continuar meu caminho estrada aflora e faunático
Nesse jardimensão reverbrilhando no estribrilho de pandourada.

Sou um saltimbranco tripografitando a folha vaziática resonhante
Enquanto borbolentas voam de vagar, como a morte da língua.
Lingua má eterna?
Lingua materna apenas
Lastiamável língua pedreglosa
Crema no teu sono ácido
Que daqui eu recoemendo uma nova língua
Filha do sol bemol
Adeus língua obsolenta e obsoletra.

Beijem minha língua magicômica
Tragicônica esfumalçaando (e esfumalcançando)
A criativerdade clepsideral de um astro-nata.
O primeiro homem a pisar no leite, quem foi?
NabucodonOSÓRIO, que realizou seu matrihormônio com Florvelha Espancada.

Na minha língua não são as estrelas que brilham no céu
São esletras – anagramadas – que rimam no papel.

sábado, 21 de novembro de 2009

Camargo Guarnieri

Estou lendo uma das duas biografias que tenho deste grande compositor brasileiro.

De cunho nacionalista, Guarnieri colocou na música o projeto idealizado por Mário de Andrade. Divulgou uma Carta Aberta em 1950 contra os músicos de vanguarda que seguiam as idéias do alemão radicado no Brasil, Koellreutter.

Venho me deliciando lendo essa biografia, chamada "O tempo e a música" e organizada pelo Flávio Silva - editada pela FUNARTE em parceria com a IMPRENSA OFICIAL.

Conhecer melhor Guarnieri é uma necessidade minha já que sempre estive mais pendente para o lado vanguardista e, como estou preparando um projeto para uma Oficina Cultural, no qual tratarei esse assunto, Nacional X Universal, decidi ir para frente com isso. Mas, confesso, o que me motivou a abraçar novamente a música, foi a leitura do livro "Música Mundana" que comprei na quinta-feira e, na sexta já tinha terminado de ler. Nesse livro Neschling fala bastante de sua trajetória.

Além disso, em uma pausa para a leitura do livro daquele que reergueu a OSESP, ouvi um trecho do Choros 6 do Villa Lobos e, tendo a partitura dessa obra, também a li e fiz umas interpretações e análises, fatos que me motivaram a voltar os olhos novamente para a música, de uma maneira um pouco mais séria, não como músico, mas como historiador da música, se é que posso ser, de alguma maneira, intitulado como um.

Enfim, há um trecho desse livro sobre o Guarnieri em que alguém lembra uma conversa que teve com o compositor, a qual transcrevo abaixo com alguns cortes mas, sem mudar em nada o significado:

- O que você faria, caso, de uma hora para outra, se tornasse trilionário?

- Eu construiria uma escola de música, como sempre desejei e jamais encontrei. E compraria uma pequena casa no mato, no meio das árvores, para assim trocar as vozes humanas pelo canto dos pássaros.

- Mas isso seria viável - comentei.

- De que jeito? Guarnieri indagou.

Eu, ao pensar melhor, não me atrevi a dizer o jeito mas, em seu estúdio, vendo o retrato de Guarnieri pintado por Portinari, apenas tive a vontade de dizer:

Bastaria trocar de parede o quadro no qual Portinari lhe retratou. Transferi-lo do estúdio para o Museu de Arte de São Paulo.





Achei bastante curioso esse trecho. Me fez lembrar do Portinari, de quem li a biografia em 2004 e, posteriormente, em 2006, visitei sua casa, em Brodowsky. Também lembrei de uma cena do filme Modigliani, na qual Picasso leva Modigliani para conversar com, se não me engano, Delacroix e, ao ser questionado por Modigliani no filme, quanto custou aquela mansão, Delacroix responde que a comprou com a venda de um pequeno quadro.

Bom, é isso.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Vôo sozinho

Fui numa festabanada
Na Unicampo de concentração
(Onde é exterminado o pensamento)
E não conseguitarra aguentar
Pois era uma baruolheira
Que incoemoldurava meus
Olhos e ouvidros.

Não reclamarei da ignoerrância
Desse povo analfaberto musical
Ainda vivendo a era primitiva do bacanal:
Música que é basicamente pulso.

Mas tudo bem, chega de ataque,
Hoje me transformo em
Bode explanatório.

Eu, tantas vezes sério
Tantas vezes riu
Eu, tantas vezes Pessoa
Outras alma que com o pé soa
Com o mesmo sobrenome de Flávio
Andando contra a procissão
Demonstrando ser homem são
Com consciência e precisão
Preciso me ex(com)plicar.

Eu, que tantas vezes sou erudito
Tantas vezes sou festeiro
Tantas vezes sério
E outras baderneiro
Tantas vezes burguês
E outras marginal
Preciso tomar para mim
Minha overdose de culpa lalá.

Eu que canso de assistir concertos
Mal vestido, às vezes até de bermuda,
Utilizando linguagem coloquial
E gírias juvenis em ambiente idoso, conservador e elitista.
Eu que vou ao teatro de chinelo
E dirijo na contramão, acima da velocidade permitida.
Eu que tanto assumo postura de orador
Em baladas chinfrins na esquina de casa.
Eu que sou anárquiprocó em reuniões sérias
E seríssimo em lugares prospícios à bagunça
Preciso apontar o dedo em minha própria cara deslavrada.

Quantas vezes me senti um mau elemento
Pratinho feio em mesa de alvoroço alheio?

Nos concertos sinto a rái soçaite me esnobando
Nas baladas sou esnobre
Em lugares cheios de leis sou desordeiro
(Rodeado por milhões de cordeiros)
Já onde não as há, as leis, quero criá-las
E é assim que não me exscinto bem
Em vulgar algum.

O pior foi sempre ter botado a culpa
Nas pessoas ao meu ré dó ré.

Mas hoje não, as coisas passam a ser diferentes
Penso até em ir para o palco, não como ator
E sim como contra-regra.
Mas seria pouco.

Sim, isso tudo seria muito pouco
Pois não sou contra-regra
E muito menos a regra
Hoje eu definitivamente
Descobri que sou pura e simples
Excreção.

Me sinto uma verdadeira merda
Renegada pelos velhos corocas da Sala SP
Porque leio Plínio Marcos ou Sade,
Ouço Ligeti e Stocknhausen.

Sinto-me o melômano de luxo
Crítico voraz das bandinhas e DJs
Que ao apontar a ignorância musical destes
Acaba sendo a verdadeira bosta fedorenta
Dos eventos que frequento para encher a cara.

Sou o motorista imprudentelequioso
Que para os mais certinhos
(E incapazes de dirigir velozmente sem se acidentar)
Vive a fazer cagada no trânsito.

E quando demonstro vontade de ordenar
O sistema hipócrita, injusto e corrupto
Em que vivemos,
Sinto ser as fezes
Que os falcatrueiros aniquilam pela descarga.

Não há mais sombra de dúvida
Já não sou contra-regra
E muito menos a regra
Hoje eu definitivamente
Descobri que sou pura e simples
Excreção, mas com um porém,
Me orgulho muito disso.
Afinar de contas, se não me orgulhasse,
Eu não seria a excreção, e sim a regra.

sAngra dos Reis

Quero um lugar paradionisíaco para morar
Um lugar Angradável para se viver
Dos reis, já que sinto-me como um das palavras.

Céululas puras no arzul do ambiente.
Sossego a beiramar: paisagens e mãesagens
Pai e mãe natureza cuidando do filho homem
Que busca encontrar refúgio na marta Atlântica.

Quero lambuzar os pés de barro
Inalar o cheiro da terra molhada
Deitar na beira do mar e sentir
Meu corpo em água fria e nãogela. (1)

Quero brincar com os animais
Como se fossem meus amigos de infância
Pretendo interagir com eles
Como interajo com a arte
E como jamais interagi com os homens
Simplesmente porque penso e sinto
De um modo totalmente diferente: livre.

Quero andar nu entre as árvores
Ficar sem tomar banho
Não ter hora para acordar
E nem responsabilidades a cumprir.

Quero viver sem objetos materiais
Que além de despertarem inveja
Em meus semelhantes, fazem com que,
Alguns deles tenham vontade de me roubar.

Quero fugir e jamais voltar.

(1) Nãogela, ao contrário de singela, cai como uma luva no verso que fala sobre água fria, é fria mas não gela.

Estou iMARginando a natureza

Com o caderno na pedra
E pés cheios de mar
Escrevo esta poesia.

Embaixo da sombra d´uma árvore
Ouvindo Cigarras e Pássaros
Vejo a extensão do Oceano
Em uma iMARgem que acaba de se forMAR.

Ao meu lado MÃOScadores
Fisgam peixes com as MÃOS
Vejo as nuvens no alto, inalcanCÉUceis,
FlutuVOANDO no ar.

Subo na pedra
Para me aproCÉU-MAR
Dos Mares voadores feitos de ARgodão.

Vejo um coqueijo que outrora fora coqueiro,
E agora não dá coco e sim queijo
Só para cocontrariar a natureza.

Reinvento a natureza ao meu modo,
Essa natureza SONHOra
Com sons e sonhos
Que criam uma SONHOfonia natural.

Eu sei: O céu, as nuvens, o mar, o som e o sonho,
Tudo ficará aqui
Só leVOArei comigo as palÁRVRORES
Que escrevi nesta tarde de domingo
Em um lugar PRAIAdisíaco.

* Praia do Abraãozinho - Ilha Grande - 22/01/2006

terça-feira, 17 de novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Viva Villa-Lobos na Vila dos Bobos

Flautodidata e violinocente
Villa-Lobos pul(s)a
Em meus ouvidos desesperados
Perdidos pela floresta sonora
Que voa e soa de orquestras
Tremendas, enérgicas e vibrantes.

Viola o céu com o violoncelo
Pinta a lua luminosa e,
Com sua paleta cromática de notas
Esgota o fagote a cada gota de orvalho
Trazendo, para minhas narinas
(Através de meus ouvidos)
O cheiro da terra molhada.

Vejo as folhas de árvores enormes
Balançando sob tempestades homéricas
Ouço o encanto dos pássaros Uirapueris
Nas composições de nosso MEnesTREl
Transformadorador da Terra Brasilistriônica.

Villa foi, em minha opinião
O compositor mais intuirativo
De nosso país Tupianístico:
CuÍcaro mitológico despencando
De alturas jamais antes atingidas
Simplesmente por ter sido
De modo errado
Enquadrado numa corrente estética
Que não condizia com sua pluralidade.

Claro que temos Gilberto Mendes,
Cláudio Santoro, Jocy de Oliveira,
Jorge Antunes, Marlos Nobre,
Almeida Prado, Osvaldo Lacerda,
Mignone, Camargo Guarnieri, Edino Krieger,
Villâni Cortes, Coelho de Souza,
Willy Correia de Oliveira, Tragtenberg,
Flô Menezes, Radamés, Duprat,
E uma centena de outros compositores mas,
Villa foi o precursorador, o primeróico
A buscar uma identidade própria,
Negando o caminho da cópia sem identidade
Utilizada por um campineiro em cima do muro
Sem saber se era Verdi ou se era Wagner
E no fim das contas, não sendo ninguém.

Villa é o Brasil por naturealeza
Pajé, cacique, príncipe e malandro
Tudo ao mesmo tempo e no mesmo espaço ave
Villa se transportou para o futuro
Não nas asas dos pássaros
Tão imitados tanto por ele quanto por Messian
Mas sim no som desses próprios pássaros
Exóticos, eróticos, realizando viagens
Na velocidade do som.

Pena que a velocidade desse som
É rápida demais para alguns
Que ouviram ele passar
De modo despercebido
E devagar demais para outros
Que, longe do acesso democrático
À cultura de verdade
Ainda não foram alcançados
Por tal compositor
Como deveriam ser.

Ainda assim, só há uma coisa a dizer:
Viva Villa-Lobos na Vila dos bobos.

Villa-Lobos 05/03/1887 - 17/11/1959 | Cinqüenta anos de morte

Literalmente eu chorei assistindo uns vídeos que posto mais abaixo. Villa-Lobos ou, Tuhu, como era seu apelido, é um dos compositores com os quais mais me identifico. Curto tanto ele que, no fim de 2006, em viagem ao Rio de Janeiro, no Museu Villa-Lobos, tirei xerox de todas as partituras da série completa dos Choros (que posteriormente foram gravados e lançados pela OSESP).

Em um momento em que venho voltando a comprar mais CDs de música erudita brasileira contemporânea (devo ter uns 70 - sem contar os downloads), para inscrever uma oficina na ASSAOC sobre "A música brasileira além de Villa-Lobos", relembrar essa data tão importante, me fez arrancar lágrimas dos olhos.

Para mim ele pode não ser o mais técnico dos compositores brasileiros, o mais vanguardista, o que mais conhece a música, a história da música, as formas mas, ainda assim, é o mais criativo, o mais intuitivo, o mais importante.

Aqui o vídeo que assisti, com um bate-papo delicioso entre o Maestro John Neschling, João Luiz Sampaio e o critico João Marcos Coelho, no site do Estadão.

Parte 01
http://tv.estadao.com.br/videos,DEBATES-ESTADAO-50-ANOS-SEM-VILLA-LOBOS-1,78068,253,0.htm

Parte 02
http://tv.estadao.com.br/videos,DEBATES-ESTADAO-50-ANOS-SEM-VILLA-LOBOS-2,78066,253,0.htm

Parte 03
http://tv.estadao.com.br/videos,DEBATES-ESTADAO-50-ANOS-SEM-VILLA-LOBOS-3,78065,253,0.htm

Parte 04
http://tv.estadao.com.br/videos,DEBATES-ESTADAO-50-ANOS-SEM-VILLA-LOBOS-4,78064,253,0.htm

Saiu um texto também no Estadão com vários compositores falando sobre ele. Gilberto Mendes, Jocy de Oliveira, Rodolfo Coelho de Souza, entre outros. Desses três citados, todos tenho material gravado e utilizarei na oficina caso ela seja aprovada.

domingo, 15 de novembro de 2009

Poema performático

Poema para uma voz e um performer*.

SusSURRO** palavras
Fazendo elas sentirem
A dor das porradas,
Que proclAMO doentio.

Ensangüentadas
Perdendo forças
Elas entregam-se
Diante de meu poder
Expresso com amor.

Sem trégua, régua ou égua
Trato todas em equalidade,
Até as que crio num reLANCE
Dizendo que são minhas filhas.

Sou um escritor possessivo
Daqueles que conta vantagem.

Mato a obra e mostro o mau.

Mágico, poÉTICO que sou
Faço de meu ser
Uma nova linguagem
Que nasce e cresce em mim.

Minha vida é um jogo de palavras.

*Dramatização: Escrever cartazes com palavras que foram banalizadas: amor, respeito, carinho, paz, sucesso, valor, família, paixão, deus, etc.
Enquanto uma pessoa declama o poema de modo sussurrado, a outra vai surrando os cartazes-palavras com uma fúria enlouquecedora de rasgar, picotar e espalhar pedacinhos de papel para e por todos os lados.

**SusSURRO e Só surro. Brincar com essa sonoridade repetindo a frase e alterando/variando cada uma dessas duas palavras em negrito repetidamente.

Fim de semana musical: reflexões

Desde 1998 que vou para São Paulo sempre que possível e, se for fazer a média, devo ter ido, de lá para cá, umas 2 vezes por mês, sendo que, no início, ia bem menos.

De 2005 para cá que, ao passar a frequentar Theatro Municipal, Sala SP, CCBB, Pinacoteca, Museu da Língua Portuguesa, SESCs, MASP e outros mais, mas principalmente a Sala SP, comecei a ir com mais frequência.

A maioria das vezes vou de ônibus, poucas vou de carro e, quando vou de carro, em 90% das vezes fui dirigindo. Acontece que, dirigindo e sozinho, eu comigo mesmo, sexta-feira foi a primeira vez e, que tesão.

Por motivos que não sei explicar o "nosso carro" (vai lá, de minha mãe) não tem som e, ficaria feio eu ir dirigindo com amigos e fone nos ouvidos. Dessa vez não. Como estava sozinho, peguei meu I-pod, meu fone profissional que isola tudo ao redor e não me permite ouvir mais nada (a sensação que se tem é de transformar a vida em uma cena de cinema com trilha sonora, só música e imagem) e rumei para assistir o concerto da OSESP.

Juntando o prazer de dirigir e poder ir a 120KM/h pela Bandeirantes inteira (ainda que desejasse ir mais rápido) ao prazer de não ouvir ruído e ir escutando música erudita a viagem toda, só por isso já teria valido a viagem.

Eu ouvia Gustav Holst, The Planets, que foi tocada pela OSESP naquela noite. Que música fenomenal, PQP. E que execução foi aquela da OSESP? Impecável. Confesso que, no início, achei que o regente tinha exagerado pois, na gravação que ouço, começa mais suave, com menos volume, porém, para explicar sem complicar, os picos de volume sonoro nas partes mais fortes também eram maiores do que os picos de minha gravação, sendo assim, houve um certo equilíbrio, se é que se pode chamar assim. Acredito que esse maior volume tenha se dado pelo fato de que, provavelmente, a Orquestra que tenho a gravação, lançou o disco com uma quantidade menor de músicos.

Há um mês e pouco, quando comprei um Aphex 204 que realça harmônicos para masterizar sons, comecei a pensar sobre isso. Quanto mais harmônicos ou quanto mais força/volume os harmônitos têm, mais empolgante o som é. Basicamente, para ser curto e grosso, se a OSESP estava com mais músicos que a gravação que tenho e, portanto, seus harmônicos soavam mais fortes e volumosos, obviamente a execução dela, sem contar o fato de ser ao vivo, soaria beeeeem melhor para mim do que a gravação e, foi o que aconteceu. Só um adendo quanto a esse lance dos harmônicos. Acredito que seja por isso que uma graaande orquestra, um graaande coro, dão um graaaande impacto e emocionam bem mais que qualquer outra música "vagabunda". Não é por menos que Beethoven usa um baita coro na 9a Sinfonia por exemplo. Ou que Wagner e Mahler se utilizam de orquestras portentosas. Mas, outro adendo, eu digo isso mais intuitivamente, não tenho pretensão de afirmar isso como verdade e nem perderei meu tempo pesquisando esse assunto. Para mim tem a ver uma coisa com a outra e pronto.

Bom, voltando um pouco no tempo. O concerto começou com Brasiliana do Camargo Guarnieri e, essa música, que eu não conhecia, me lembrou sabe quem? Camargo Guarnieri. Principamente o Camargo Guarnieri das Sinfonias e da Suíte Vila Rica. Inclusive, se não me falha a memória, alguns pequenos trechos e frases que ouvi(creio que com duração de 2-3 ou 4 compassos no máximo) eu já conhecia. Ou seja, assim como Villa Lobos, Camargo Guarnieri tinha, por um lado, grande personalidade, a ponto de podermos identificar suas músicas e evocar outras na memória mas, por outro lado, em alguns momentos, várias pequenas frases são utilizadas em várias obras diferentes. É difícil dizer se esse "plagiar a si mesmo" é consciente ou se surge como idéia recorrente mas, se há um compositor vivo que pode responder a isso e também já se plagiou, este é Gilberto Mendes.

Em 2005 assisti na CPFL Cultura de Campinas, com mais 5 pessoas (incrivelmente eramos 6 na sala) a estréia Mundial de uma peça do Gilberto Mendes chamada Escorbuto, com texto homônimo de Flávio Viegas Amoreira. Havia uma frase/melodia que serviu de refrão a essa peça e dizia "Chuva no mar é desejo, chuva, mar, desejo". Um ano depois, mais uma vez, se não me falha a memória, outra estréia Mundial de Gilberto Mendes, dessa vez com a OSESP. A peça chamada Alegre trópicos: Um baile na Mata Atlântica que, assim como escorbuto, também tinha essa frase/melodia.

Acredito que por serem compostas na mesma época e ambas terem voz (apesar de uma ser música de câmara e outra para orquestra e coro), talvez essa idéia ou essa frase tenha ficado tão marcada que sem querer ele a utilizou duas vezes ou, quem sabe, tendo noção de que apenas 6 caboclos ouviram a primeira e, querendo passar sua idéia para mais gente, ela não tenha resolvido usar a mesma idéia de novo, para a Sala SP com suas centenas de pessoas??? Isso pode ser um argumento totalmente cabível já que, eu mesmo, assisti uma vez, com alunos da Unicamp, na Sala Carlos Gomes, sob direção de Denise Garcia, uma peça do Gilberto Mendes que não era tocada há mais de 30 anos.

Além de poucas pessoas terem escutado a primeira música (exatamente 6), o fato de o compositor não ouvir sua própria música, seja por ela não ter sido gravada, seja por não ser mais executada, também pode e deve ser usado como argumento a favor de isentar o compositor de estar se plagiando e de ser considerado pouco criativo. Até mesmo porque, sendo uma frase minúscula, basicamente uma citação (que poderia ter um paralelo com a sentença "noite escura" - e, sendo assim, todo mundo teria plagiado todo mundo), me faz ver, ao menos nessa questão, algo que não abale a estrutura criativa de tal ou tais criadores.

Além do Camargo Guarnieri, tivemos a estréia Mundial do Concerto para Percussão número 2 de Marlos Nobre. Confesso que conheço pouco do Marlos Nobre e, até então, só tinha ouvido a gravação de Kaballah, porém, com um currículo de dar inveja e pelo que já li dele, inclusive em entrevistas que ele cedeu, não há mais nada a dizer do que o fato de eu ter me decepcionado e muito com esse concerto.

Tudo bem, a percussão solista era executada por um verdadeiro virtuoso mas, além de ir até lá na expectativa de que não fosse usar instrumentos melódicos de percussão, o que configuraria uma maior exploração rítmica do solista, acho que a orquestra não foi muito bem explorada e, para finalizar, a percussão fazendo um pequeno solo no fim que, como os concertos à moda antiga, anuncia a proximidade do final da obra e, tchaaaam, um acorde orquestral para realmente finalizar a obra e demonstrar certo apreço para com essa forma "concerto" que, a meu ver, já não pode ser mais utilizada em nosso século, ao menos não dessa forma, fez com que eu realmente me decepcionasse. Esperava mais, bem mais. Pode até ser que ouvindo novamente, com outros ouvidos, eu mude de opinião mas, a sensação que tive foi essa.

Ah sim, antes que me esqueça. Não sou nenhum expert no assunto mas senti um certo resquício de Messiaen nesse concerto, principalmente no que tange à orquestração e, tendo o Marlos estudado com o Messiaen, talvez tenha a ver. Era inevitável eu lembrar da Persephassa do Xenakis que, mesmo não tendo orquestra, era para percussão, cinco percussionistas e, ouvi também na Sala SP, em 2006. Lembrando disso de volta para casa, já beirando meia noite, dirigindo no escuro e ouvindo Sofia Gubaidulina - a peça dela executada em junho deste ano -, lembrando dos momentos agradáveis (e que me são essenciais), vim feliz da vida.

Com a lembrança de Xenakis, de Gubaidulina, me vieram à mente o John Corigliano, Stocknhausen, Ligeti, Ferneyhough e mais alguns e, ficou evidente para mim: Marlos, assim como a maioria dos compositores brasileiros atuais (principalmente os que tem mais de 40-50 anos, o que praticamente é a maioria), podem até ter feito parte, em algum momento, seja nos anos 60, 70 ou até mesmo anos 80, de um seleto grupo de compositores "atuais", globalmente falando mas, hoje em dia, parece que tudo o que fazem, soa, de certa forma, datado, para não dizer ultrapassado.

Pode até ser um grande erro de minha parte dizer isso mas, percebo dessa forma. O Marlos poderia, hipotéticamente, claro, vir aqui e dizer que inovou (ou foi mais criativo que o normal) nisso, nisso e nisso nesse concerto mas, não consigo captar tais inovações, pelo menos não em uma única audição.

No dia seguinte teve algo igual mas diferente do que ocorre todo ano na CPFL. Improvisação livre com cinco músicos, dentre eles o clarinetista Montanha (que ano passado debulhou com Luis Amato e outros dois que não lembro agora, tocando o Quarteto para o fim dos Tempos do Messiaen), Dimos e mais três. Digo igual porque o módulo da Regina Porto todos os anos tinha improvisação livre e, digo diferente, porque improvisação livre sempre faz com que as coisas aconteçam diferentes umas das outras. Apesar de algumas pequenas intervenções soarem como repetidas ou, ao menos como repetições de técnicas já utilizadas em músicas/sessões anteriores (foram 5 músicas/sessões), o concerto foi bastante interessante.

O que eu gosto dessas improvisações livres é, pelo menos de todos os caras que já vi fazendo, a exploração de seus instrumentos ao máximo, ou seja, a já não tão nova técnica do "instrumento expandido". Para explicar de leve, som percussivo no violino ou outro instrumento de corda, seja batendo a mão no corpo de tal instrumento ou o arco mesmo, passar o arco num prato da percussão fazendo um barulho que é esquisito e interessante ao mesmo tempo, porém, bem difícil de ser descrito, etc. Podemos considerar esse pessoal meio discípulo do grande Walter Smetak.

Enfim, apesar de todo o prazer, de todas as sensações boas que a música me propicia como ouvinte, tenho começado a sentir falta de algo realmente novo. Parece que aos poucos vou ficando mais exigente. Isso já aconteceu quando "pulei" e deixei de acompanhar assiduamente orquestras como a Sinfônica de Campinas e Sinfônica da Unicamp para passar a focar mais na OSESP por exemplo. Tenho começando a me questionar se, agora, com o fim da graduação daqui um mês, se não é hora de eu ir para fora do País. Parece que a cidade de São Paulo, por mais cosmopolita que seja, não me comporta mais. Há quantos anos não fazem uma ópera do Wagner em SP? São pequenas coisas como estas e como o fato de encarar que, aqui, mesmo as "estréias mundiais" estão soando "conservadoras", que me fazem pensar em ir para outro lugar. Fico dividido entre Nova Iorque com o Lincoln Center (deve ser um tesão ter no mesmo quarteirão a Julliard School of Music, a Filarmônica de NY, o Metropolitan Opera House, etc) e Paris. Ah Paris, ali teria um lance plantado pelo Boulez, o IRCAM (que assisti esse ano no Festival de Música Nova e foi foda). Talvez nem NY nem Paris sejam "a ponta do Iceberg" mas, sem dúvida, me soam como dois possíveis degraus para subir.

Vai ver de repente só preciso mudar de "ares" e, o Rio de Janeiro, com a possível abertura da Cidade da Música, possa me fornecer isso, vai saber?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sobre o recital de ontem - Do post anterior

Abri o evento na Escola Agostinho Páttaro. Palestra e Debate com Angela Kleiman do IEL e Ana Lúcia Goulart da FE, ambas da Unicamp.

Além do poema citado no post anterior e do Era de Heráclito, recitei os seguintes textos:




2o Movimento do Poema sonoro para Koellreutter

Somos SOM somos
Som SOMOS som
Somos somos somos
Som Som Som
Moços SOM Somos
Somos SOM Moços

Sem mês
Sem mos
Sem som
Som sem
Mesmos sons
Mesmos
Mesmos
Mesmos
Mesmos
Mesmos
Mesmos
Mesmos

Somos SOM somos
Som SOMOS som
Somos somos somos
Som Som Som
Moços SOM Somos
Somos SOM Moços

Vibrasom
Indignasom
Corasom
Animasom
Imaginasom
Educasom
Publicasom
Emosom
Alucinasom
Programasom
Capacitasom
Alterasom
Aliterasom
Ali terá som
Terá som, terá som
Som alitera.
Som ali terá
Ali, aqui e em todo lugar
Nessa globalizasom sonora.


Sem opinião

De formador de opinião
A deformador de opinião
Bastou dizer que não.

Que não quero rimas batidas
Como amor rimando com dor
Paixão rimando com emoção.

De formador de opinião
A deformador de opinião
Bastou dizer que não.
Que não sou poeta então.


Grande amor

Puta que o pariu
Você nem imagina
O quanto eu te amo, Porra!!!

Quero que o resto das pessoas
E das coisas se fodam.

Para mim só importa você, Caralho!!!
O que sinto por ti
É um negócio filho da puta,
Que de tão grande
Só se expressa através de palavrões.


Parto poético

Era uma vez
Um homem e uma mulher
Cada um era indiviuno
Mas ao se casarem
Formaram um individuo.

Até que tiveram um filho
E passaram a ser indivitrio
Neologismo, vai pro poeta que te pariu.





A guerra das letras
Autor: Gustavo Silva, ou simplesmente G.
Dedicado à Cecília Gomes, CiÇa, ou simplesmente, Ç.


Em um Mundo imaginário chamado Papel, um G solitário encontrou uma Ç solteira e ambos fundiram-se: Gecidilha.

Aos poucos passaram a procriar, engendraram vários Gs, Çs e Gecidilhas, aumentando cada vez mais a prole que viveu uma infância totalmente letrada, divertida e poética sem Grandes preocupaÇões.

Tudo ia muito bem dentro do Papel até que o Neoletrismo (ou seria Beletrismo?) atingiu a maturidade e precisou buscar emprego para sobreviver sem a ajuda de seus pais.

Neoletrismo largou a divertida Poesia da infância de outrora e foi trabalhar para a Prosa. Tendo um gerente substantivo e explorador de nome Parágrafo (que era amante de sua secretária, a Frase), acabou assumindo posição servil, não poderia sair da margem, tinha um presidente chato pra cacete chamado Escritor de Auto Ajuda e a soma dos produtos que realizava, isto é, as palavras, era o lucro do patrão Texto que não fazia nada mas ficava com o significado todo para si.

Não demorou muito e as letras se rebelaram, misturaram-se em anagramas sem significação, fizeram uma revolução, uma guerra gramática, as palavras começaram a ser fabricadas com defeito, o Escritor foi perdendo aos poucos o controle sobre as letras e o Texto entrou em crase, faliu, ficou arruinado nesta luta vencida pelo proLETRAriado.

Ah, sim, quanto ao Parágrafo e a Frase? Perderam o emprego e tornaram-se autônomos, de vez em quando são citados por aí.

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Foi bem bacana a receptividade do público, aplaudiram bastante, em alguns momentos riram e, teve gente que até surtou e gritou elogiando entre as pausas que eu fazia de um poema para outro.

Uma das pessoas que gritou comprou o livro "Vidas à venda"no qual tem o poema CONSUMIR logo de cara.

No fim do evento, a professora Ana Lúcia Goulart me elogiou bastante, principalmente pela idéia do Gecidilha que, para ela, era tão interessante quanto as letras do graaande Juan Brossa que eu já conhecia de leve das minhas pesquisas de poemas visuais europeus realizada na Fundação Calouste Gulbenkian em Portugal, entre Dezembro de 2007 e Janeiro de 2008.

Ela disse que tinha um livro do Juan Brossa com ela e me daria. Depois compraria outro. Dito e feito. Ganhei o livro do poeta Catalão e já li ontem mesmo.

Foi muito bom o dia inteiro de ontem. Lembrei de poucos mas intensos momentos poéticos que tive, sempre com boa receptividade do público. Na CPFL Cultural no Sarau do Tucun em 2005 por duas vezes; na palestra citada no outro post na FIMI; em outra palestra na IESCAMP; no horário de almoço da PUCC onde, mesmo almoçando e com o barulho infernal daquela praça, pessoas aplaudiam e, inclusive, ao final, até vieram perguntar se os poemas eram meus; no lançamento do livro "Vidas à venda" na livraria da Vila em SP; na Casa das Rosas em SP; no Sarau da Oficina do Estudante e em saraus mais intimistas, etc.

Tenho ficado cada vez mais empolgado, pensando em montar um show de poesia.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Provocação

São 5:28 da manhã e começo a escrever esse post. Hoje é dia 10 de Novembro de 2009 e logo mais aprontarei uma com poesia. Mais uma provocação.

Quantas foram? Perdi as contas. A mais impressionante até hoje foi quando fiquei nu no auditório da FIMI de Mogi-Guaçu. FIMI é a Faculdade integrada Maria Imaculada, formada por freiras e eu estava palestrando e recitando poemas na 4a semana de Letras de tal instituição, no ano de 2005. Detalhe que só entrei para estudar em uma universidade no ano de 2007, na PUC Campinas.

Bom, voltando à palestra da FIMI, em uma performance na qual recitei poemas de Aretino (o poeta que inspirou Bocage), acabei ficando nu quando, ao dizer o ideal do poeta, interpretei de maneira performática tal ideal, que era "Não devemos esconder nossos órgãos que nos dão prazer e engendram seres belos, devemos antes esconder nossas mãos, que ferem, matam e emprestam a juros usurários." Nesse momento eu tirei o roupão e, estando de luvas, mostrei meu órgão e escondi as mãos.

Sei que ao bater o sinal e, sendo a última aula, eu ainda disse que tinha um conto para recitar e, ninguém saiu do auditório até eu terminar. Ainda se formou uma fila de umas 30 pessoas para me cumprimentar. Tudo bem que eu já não estava mais nu pois, a professora, mesmo tendo sido alertada (pedi autorização várias vezes antes do evento), disse que não sabia de nada, tirou o dela da reta e sugeriu que eu me vestisse novamente, enfim.

Hoje, daqui a pouco, irei recitar poemas em um debate/palestra na Escola Agostinho Pattaro aqui em Barão Geraldo.

Uma das convidadas é Angela Kleiman, professora de letramento do IEL da Unicamp. A outra esqueci o nome mas é do Institudo de Educação da Unicamp.

Dentre vários poemas experimentais, terminarei minha récita com um poema de 2006 quando estava prestando vestibular.

Sempre fui contra universidades, acho uma mediocridade tremenda mas, com o falecimento de meu irmão naquele ano e eu não podendo mais contar com ele no futuro (eu pensava em abrirmos um comércio juntos), resolvi, tanto por isso quanto para "acalmar meus pais e ter um diploma", cursar alguma coisa.

No vestibular da USP, na segunda fase, xinguei e zombei dos caras. Tive minha prova anulada e não passei, ainda que tivesse dado as respostas certas depois da zombação. Tinha uma questão que era para explicar o significado da linguagem figurada "dar nome aos bois". Eu simplesmente desenhei bois e coloquei nomes neles e, depois disso, respondi corretamente (segundo o próprio gabarito).

Outra questão era para passar pra prosa um poema de Mário Lago, sem perder o sentido. Ué, eu disse que não perderia o sentido, já que, sendo ocidental, o sentido de minha escrita seria da esquerda para a direita e que, o certo, era terem elaborado a porra da questão exigindo que não se perdesse o SIGNIFICADO. O poema terminava em "preciso de ti por gostar de ti". Depois de zoar com tudo, transcrevi para a prosa corretamente (conferi com o gabarito) e acrescentei, depois de "preciso de ti por gostar de ti" os termos "disse o corretor da FUVEST para a burrice".

Em todas as questões de português eu zoei. Ainda tendo feito minha redação sem zoar, anularam ela, zeraram a redação do cara que naquele momento já era o maior palindromista do Brasil e um dos poetas mais interessantes e promissores que este país de merda já teve. Conclusão, ainda que, de acordo com o gabarito e, pelos meus cálculos eu tivesse teoricamente passado, fiquei de fora.

Mas, não dou a mínima para isso, acabei na PUCC e, como a Unicamp, USP ou qualquer outra, é uma merda. Chego na sala de aula, abro um livro, pego uma folha, leio, escrevo, nem sei o que está acontecendo e, ainda assim, estou me formando agora, fazendo o curso em 3 anos, por frequentar de manhã e de noite. Coisa fácil, com o pé nas costas e os olhos fechados.

Há uma semelhança, ainda que ligeira, com a expulsão sofrida por Drummond no colégio jesuíta mas, vamos para o assunto da provocação de hoje.

Ao fim de minha récita, o último poema será esse:

Estou sentindo o cheiro podre
Das arcademias.

Estou prestes
A ser um universiotário
Encirculado no sistema.

Quatro anos de detenção
Preso ao obsoleto, ao arcaico
Do atraso mental-criativo
De uma unicampo de concentração
Ou de uma PUCC a que pariu.
Logo eu, até eu, ateu.

Não irei engolir sapos
Minha cobra irá comer ratos.
Guerras serão declaradas
Entre o novo e o velho.

Usarei palavras como bombas
Que explodirão nas vistas
De quem não faz parte da vanguarda
Do exército inimigo.

Quero, e vou revosolucionar
Essa questão.
Nem que para isso tenha que ser expulso
Ao matar o reitor.

Mas antes terei o prazer
De cuspir na cara dele.

E caso eu me forme
Não só picotarei meu diploma
Como limparei a bunda com ele.

Nunca foi e nunca será um papel
Que dirá o quanto sei,
Ou o quanto sou capaz.

Quero explodir o Mundo
A começar pelas regras
Vestiburlando as leis.

Vou trocar de nome.

Para terminar, falta bem pouco tempo, creio que dois ou três meses para pegar meu diploma, pedir segunda via, gravar um vídeo cagando e limpando a bunda e jogar no Youtube. Até agora eu não sabia o motivo de ter cursado uma universidade. Agora sei, era para realizar esse sonho de provar por A+B que um diploma, em minha opinião, vale tanto quanto um papel higiênico.

Era de Heráclito

Cave, cave, cave, cave,
Caveira sendo enterrada
____________em terra da
Melancolia aguda de três pontas.
Tenho sete cabeças - todas tontas,
Fazendo uma literatura barata.

Sou um rato sem toca que não toca
A vida adiante, a vida de Dante: Inferno.

Sou um cachorro no pulgatório
________________sou gato, rio.
Tudo rio corrente: Panta rei.

Era de Heráclito, constante mudança
Mentalmorfose, Mentalmorfase
Mental amor, fase de intelecto.

Aprende-se, aprende-se: aprendicite.
A doença do supérfluo.

Logo eu que super fluo
Pelos caminhos errantes da vida,
Venho desejando a morte
Que me conforte com forte aceitação.

Morrer é virar os olhos pra dentro das palavras.

***Perdoem-me pelos traços dos versos 3 e 10 para manter a diagramação. Não sei se o blog permite diagramar normalmente como o poema seria feito sem esses traços mas, em minhas tentativas, as palavras que era para ficar avançadas nos versos citados, foram para o início deles.

domingo, 8 de novembro de 2009

Apocalipsis Litteris

Um mote em motim

Traduttore, Traditore,
Há pouca ipsis litteris
Na porcaria litteris
††††† Poesis †††††
Resquiecat? Impasse!

________________

Em um dia de logo cruzado
Tiro pra tudo que é alado
Um projétil de gente má
Se perde.

A bala perfura o chapéu
Número trinta e três
De P3dro Am3rico
Depedra a América
E vai para a BN.

Ao acertar em cheio
Certa luminária cantiga
No saguão do prédio
As luzes faíscam
Como fogos de arte e ofício
Em pleno reveillontem.

Neste momento
Em minha poesia
Caros eleitores,
Não é um ano que se termina
E outro que seco meça.

O logo cruzado
Do signo
Transforma-se
Em fogo abusado
Maligno.

Papel papel
Papel papel
Papel papel
Livro livro
Livro livro
Livro livro
Logo fogo
Logo fogo
Logo fogo
Fogo fogo
Fogo fogo
Fogo fogo.

É fogo
Grita o guia.

Os visitantes eufóricos
Metaeufóricos e
Metafóricos
São disparados
Feito imune ação
Saindo de tolas pistolas
Assaltomáticas.

O prédio se esvazia.

Os bombeiros
(Que deveriam ser
Maubeiros)
Como em países
Subenvolvidos
Culturalmente
Demoram silênios
Para chegar.

Mais rápido seria
Cada carioca
Buscar um balde em casa
Ir para a praia
Encher o recipente de água
Voltar
E tentar apaguar o fogo
Que incen-odiava
E cine-odiava
Em frente ao Odeon
A biblioteca.

O fogo se espalhava
Em velocidade
Descomunaufragada
Afundando a cultura
Em um mar vermelho
Criando um espetáculo
De invejar CopaBacana.

Aquela luz azul e laranja
Labarenda de cetim
Tornava-se o melhor
E mais rápido leitor
E tradutor de todos os tempos.

A cada livro que lia
A chama se expandia demoníaca
Em sua personalidade
E quando os bombeiros chegaram
Já era tarde, já era tarde, muito tarde.

O fogo já sabia os livros de cor
De nada adiantavam as leis da natureza
Dizendo que água apaga o fogo
E de mangueira na mão
Os funcionários do governo
Não continham a revolução.

E querendo dizer mil coisas
A fumaça daquele livresco
Vulcão em erupção
Formava palavras
Contava histórias
Declamava poemas
Formava a imagem
De um regente
Que comandava
Grande orquestra
Em pleno Theatro Municipal.

A própria forma
Que a chama
Possuía
Era uma obra plástica
De dar inveja a Anish Kapoor.

As pessoas, do outro lado da rua
Na praça da Cinelândia, dançavam
Interpretavam personagens teatrais
Fotografavam, filmavam, curtiam
A liberdade que só a arte permite
Apocalipsis Litteris.

Quando a palavra goza, surge a poesia

Brota de dentro
Aborta o centro
E pela margem
A miragem
Se redime,
Me imprime.

Sim, eu sou palavra
E sou também poesia
Mas não imaginava
Que diria isso um dia.

Desde então nada me impede
E eu digo, grito, canto
Sou palavra que não se mede
Usada por poeta e tanto.

Ah, qual maldito poeta,
Com criatividade voraz
Eu palavra de perna aberta
Sei que ele sabe o que faz.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A palavra vive em mim

A palavra compaixão
Ama com paixão.

A palavra portador
Porta dor.

A palavra simplesmente
Tem uma simples mente.

A palavra Anda,
Anda com o A pra frente do N
E então nada.

A palavra sólido
É musical
Por ter sol e dó.

A palavra que fala
Também canta: Fáááááá, lááááááá.

E se a palavra ama com paixão
E porta dor, então ela pode sentir.

Se ela tem simples mente,
Então pode pensar.

E se ela anda e nada,
Então busca seus objetivos.

Se ela é musical e canta,
Então faz arte por si só.

E se tudo que sente,
Pensa, busca objetivos
E faz arte tem vida,
Então a palavra vive em mim.