segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Três vivas para Mário Bortolotto

Ao contrário de um franguinho lazarento como o Castro Alves que morreu de gangrena depois de dar tiro no próprio pé, Marião tomou dois tiros e continua vivo, tendo recebido alta hoje pela manhã.

Castro Alves, que deveria ter morrido antes de escrever tudo o que escreveu, assim como Machado de Assis, também criou teatro mas, o teatro brasileiro, em minha opinião, se inicia com Oswald de Andrade, passa pelo Nelson Rodrigues, avança com Plínio Marcos e algum Millôr Fernandes e desemboca no Mário Bortolotto, sem dó. Em paralelo ou quase em paralelo, alguns diretores como José Celso, Antunes Filho e Gerald Thomas.

Mas, enfim, eu queria saber onde estava o covardão do Mirisola no momento do ocorrido com o Marião? E, pra finalizar, um poema.

Mário Bortolloto
É baleado mas não morto
Recebe alta e vira outro
Mas continua pelo esgoto.

Marginal com tempo errôneo
Pela arte se mantém idôneo
Não nos relega ao abandono
Hoje de nosso teatro é dono.

Bortolouco de pedra
Bebe que é uma bebeleza
Escreve crueldades sem beleza
Trazendo o real de nosso país
Que de tão infeliz
Mete o pó pelo nariz.

Nariz na histeria
Marião na alegria
Mostrou que é guerreiro de fato
Vai lá mano, continua o seu teatro.

domingo, 13 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Somplexidade

Simplexos movimentos
Somplexos
Complexos
Simples fixação
A vida como ela é
A vida com ela mané
Solilouco num solilóquio
Solo e louco no sol rosado
Palavras iluminadas
Leitreiros de estabeleci mentes comercial.

Leite vira leitra violeitra
E eu bebo tudo com nescau
Achocoenlatado bate-lata
Holográfico holodum
Hortografia no ortoflorestrelar
Tem hora que a gente se pergunta
Porque que é que não se junta
Tudo numa coisa só.

O coisecimento, a coisificação
Coisistência da coisa coexistencial
Coexistencianalogiacometti escultura
Istraliana estrale Ana estrela emana
Dentro de mim, o urso ainda pulsa
Pelúcia eu sou quem realiza o FATOssíntese
Com pura MATAlinguagem
A linguagem não existe
Ela não é, ela está
Circulançando-se pra frente rente ente
Eu sou você que me lê
Sou você que eu li e
Que escreveu parte de mim.

Sou o que vi, o que não vi, o que vivi
Sou o que penso e pensaram de mim
E o que não pensaram de mim, ainda sou
O maior homem livre, solto, Souto é meu nome
Voando como pássaro sem destino
Não me apregando em nada
Ainda que me apregue em tudo
Como um quadro na parede de sua memória
De minha memória, de nossa memória co-eletiva
Eleita por todos nós, laços e cadarços que nos amarram
Pelos péssamentos, espaçamento sem tempo
Tempo sem espaço. Tic-tac no vazio, no vácuo, no ar.

Só enquantropológico eu reispiraro vou me lembrar de você
De mim, e de tudo o que me cerca: viver é tão bom.

Quero viver mil anos, dez mil anos, cem mil anos, CI mil anos
Sem contar o tempo passar, perdendo o relógico triológico
Trilho lógico a vida emocional.

É quilo de brado equilibrado
O grito que o Ipiranga ou viu, ou escutou, sem dizer nada.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

M-E-D-O

Artur Nestrovski é contratado como novo Diretor Artístico da OSESP e Tortelier efetivado como Regente Principal.

E não é que vão jogar o projeto do Neschling no lixo?

Pelo jeito ano que vem, que ainda tem resquícios da programação feita pelo Neschling, será o último que acompanharei a orquestra.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Concerto Literário - 3o Movimento

mergulhado imerso e ilhado em verso estando do outro lado submerso manifestando o que é alado me meço e me arremesso empestando com o que tenho falado dessa vez espetando venho calado tendo escalado o escolado escolhido e colhido pelo que por mim tolhido tornou-se o fim da libido que brado remido quebrado na borda que me dobra me cobra me sobra na obra que abro então macabro em tom tão brabo me orgulho do mergulho cujo no escuro agulho e furo em fúria e a agulha se fia e enfia enfim a sofia em uma fase já em ênfase e assim engendra a mim mais um dia na fenda sem renda já rendida e apreendida porém mal entendida tendida sem medida na média da comédia partida sortida na sorte ida de uma ferida preferida que ao ser proferida lida com o não lido livro compelido do livre expelido sem apelido pálido e esquálido sem qualidade na qual a idade com seu aval oval lava a vala da palavra que se cala em escala industrial do dois ao trial primordial no mero número ordinal primo pelo original e ordinário de um ovário literário vário que eu canto como canário e encanto neste cenário construindo meu planetário destruindo seu monetário explodindo levando ao cemitério esse monastério etéreo que com seu mister mistério nos joga no canteiro e roga ao mundo inteiro um falso pensamento verdadeiro trazendo o sofrimento derradeiro mas de minha verdade total alcança-se uma realidade tal no fato do fatal fetal letal metal pré-natal na tal pré-concepção da acepção sem decepção nem decapitação pois sou a opção que ninguém veta sou a escolha certa e sendo assim me ensandeci ao do ser descer e dizer que a guilhotina e sua rotina cretina já eram já erram já encerram nos gritos que se berram em mim porém o som ultrapassa as barreiras da pele o ruído perpassa as carreiras em série e sério me leve me releve me revele ao revés do que se atreve através no viés revirado que revi errado e viera nas cantigas de antiga era já de mim se espera uma nova tela uma nova cela mais nove cores em uma aquarela e a querela entre passado e futuro o que ficou e o que virá a ser começa a nascer aqui ou além no amém do aquém destinado a quem deste nado vai mais fundo mergulhando como eu fiz e refiz no refil do fuzil vazio sombrio com brio levantando dos escombros para que dando de ombros dispensasse os bombeiros e pensasse as beiras de novas frontes inteiras nas fronteiras que me dão tonteiras e tudo roda pinta e borda sinta a corda que lhe prende vá até onde compreende sem medo de se sentir cedo pendido a um dedo de estar arrependido não se arrependa não se renda não se venda não vende seus olhos ainda há muito por vir e ver

Concerto Literário - 2o Movimento

no hospício o auspício de um vagamundo imundo habitante do gigante gritante submundo percorrido bem profundo decorrido num segundo no qual confundo o que afundo e fundo findo a fenda formal cheia de formol que me faz mal pois seu perfume performer perfura a pura dura matéria etérea estérea esférica e eufórica sem cólica do mênstruo a ação a declaração do claro são a proclamação da exclamação em sua armação que surge e ressurge em sua arma em seu carma em seu darma na sua farma em Parma onde o cu ativo gera a hera e o cultivo da letra artesã de uma destra arte sã em sua plena consciência com o plano da ciência plana a vivência da experiência sem latência tencionando e acionando o novo de novo no ovo do povo em polvorosa na pólvora da prosa leprosa que se espalha se malha se atrapalha mas não falha na folha que se valha sendo várias árias de páginas em branco canalhas todas pleiteadas para serem completadas com pétalas sonoras senhoras complicadas com picadas é o fim do sim na solução do não no solo da canção sem explicação no colo sem aplicação decolo sem o ápice então no conto da razão de um ponto em erosão sou a corrosão a ruptura e a pintura em abstração sem obstrução nem obturação obter o habitar é o que me salta me assalta aqui estão em questão tudo aquilo que me falta pois já não sei aonde moro na onda que me demoro e ando lento ao relento no meio do vento sem mais semas busco saber o quanto valho no lusco-fusco vejo muita água numa gota de orvalho na qual resvalo e revelo o belo prelo no elo do amarelo que eu selo para sê-lo no zelo do vermelho ao ver melhor o coelho e seu sereno dístico tão místico no misto esquisito sem quesito situo a situação sem tua ação continuo o hino menino atrevido atroz vivido indo sem ter vindo com o zumbi do zumbido retinindo ereta mente fluindo retilíneo partindo em linha reta seguindo em frente enfrente a fronte inimiga e migre carregando toda a força de um tigre vá voe viaje veja e reveja seja do bolo a cereja para que o tolo não perceba a potência de sua seiva chame a responsabilidade proclame impondo habilidade inove em liberdade a linguagem já tão suja do texto retrógrado simplesmente fuja rompa a grade corrompa mas agrade não se omita não permita que a escrita se degrade se segregue escreva sim agregue valor no rolar do criador desenrole sua prole com a prolepse que lhe escolhe toque sua gaita-de-foles mas jamais se desfolhe porque o passado já não lhe engole, o passado já não lhe tolhe mergulhe no futuro e assim se molhe

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Concerto Literário - 1o Movimento

quero a estética forma que poética se deforma sendo cética sem norma pois não se conforma com a chatice da mesmice cheia da idiotice de quem falou muito e nada disse e por isso do reto da forma direto na norma derreto a fôrma que disforme retoma e toma a dor de um hematoma que some na soma e retorna com o caldo que entorna e na divisa avisa visa ficar com o saldo que se estorna fétida e caquética a estética que se sentia ultrapassada pela galinha assada quis ser polimórfica na polis mórbida dentro do pórtico de um centro nórdico dinamarquês nas marcas dos porquês do pôquer jogado pelo gado drogado e alienado que chega ali no cassino a nado e cá ensino nada já que a nossa sina nasce nessa fina néscia pois nascia às pressas presa na mãe represa de um cordão gramatical rompido e interrompido por poeta corrompido pelo comprido desejo ativo de ser criativo num ensejo vivo cheio de transparência e assim se transpareça e não pereça o pretexto de pôr no texto um contexto que esperemos e esprememos para sempre em desatino que agora o destino corra e nunca morra continuando adiante sendo a jornada eterna e fraterna como um diamante nessa busca intensa de uma cor propensa ao brilho na trilha eu trilho pela ilha do estribilho sendo da maravilha o filho reluzente cuja luz no repente se faz presente no muro do futuro da cura que procuro para a doença que não mais aturo e a literatura pega de surpresa me diz que eu piro que eu a tiro do escuro enquanto os leitores me chamam de obscuro e os críticos de impuro mas o que sabem néscios leitores e críticos além de serem péssimos eleitores dos políticos e sendo assim continuo meu caminho no rodamoinho sonoro que oro e decoro no coro dos contrários para encontrá-lo sim ele o fruto futuro duro e maduro na madeira puro a ser esculpido em doze tábuas árduas e disformes pois a forma não tem fome pois a forma não tem nome pois a forma me consome com sono e com sonhos de sons eqüidistantes que eu quis distantes nas estantes de antes porém mormente neste momento vem o depois se era um hoje são dois e amanhã já serão três mas quantos virão daqui um mês um exército em exercício eu cito e excito no talhão e formando um batalhão pelo então orgulho do pelotão há um borbulho do frontispício e na frente do hospício eis que surgirá o que nos aguarda se cingirá a nova vanguarda vangloriando-se e alegrando-se na alegria da alegoria da qual meu ego ria no termo término de uma noite delirante com a lira da palavra (forma) sendo amante