sábado, 21 de novembro de 2009

Camargo Guarnieri

Estou lendo uma das duas biografias que tenho deste grande compositor brasileiro.

De cunho nacionalista, Guarnieri colocou na música o projeto idealizado por Mário de Andrade. Divulgou uma Carta Aberta em 1950 contra os músicos de vanguarda que seguiam as idéias do alemão radicado no Brasil, Koellreutter.

Venho me deliciando lendo essa biografia, chamada "O tempo e a música" e organizada pelo Flávio Silva - editada pela FUNARTE em parceria com a IMPRENSA OFICIAL.

Conhecer melhor Guarnieri é uma necessidade minha já que sempre estive mais pendente para o lado vanguardista e, como estou preparando um projeto para uma Oficina Cultural, no qual tratarei esse assunto, Nacional X Universal, decidi ir para frente com isso. Mas, confesso, o que me motivou a abraçar novamente a música, foi a leitura do livro "Música Mundana" que comprei na quinta-feira e, na sexta já tinha terminado de ler. Nesse livro Neschling fala bastante de sua trajetória.

Além disso, em uma pausa para a leitura do livro daquele que reergueu a OSESP, ouvi um trecho do Choros 6 do Villa Lobos e, tendo a partitura dessa obra, também a li e fiz umas interpretações e análises, fatos que me motivaram a voltar os olhos novamente para a música, de uma maneira um pouco mais séria, não como músico, mas como historiador da música, se é que posso ser, de alguma maneira, intitulado como um.

Enfim, há um trecho desse livro sobre o Guarnieri em que alguém lembra uma conversa que teve com o compositor, a qual transcrevo abaixo com alguns cortes mas, sem mudar em nada o significado:

- O que você faria, caso, de uma hora para outra, se tornasse trilionário?

- Eu construiria uma escola de música, como sempre desejei e jamais encontrei. E compraria uma pequena casa no mato, no meio das árvores, para assim trocar as vozes humanas pelo canto dos pássaros.

- Mas isso seria viável - comentei.

- De que jeito? Guarnieri indagou.

Eu, ao pensar melhor, não me atrevi a dizer o jeito mas, em seu estúdio, vendo o retrato de Guarnieri pintado por Portinari, apenas tive a vontade de dizer:

Bastaria trocar de parede o quadro no qual Portinari lhe retratou. Transferi-lo do estúdio para o Museu de Arte de São Paulo.





Achei bastante curioso esse trecho. Me fez lembrar do Portinari, de quem li a biografia em 2004 e, posteriormente, em 2006, visitei sua casa, em Brodowsky. Também lembrei de uma cena do filme Modigliani, na qual Picasso leva Modigliani para conversar com, se não me engano, Delacroix e, ao ser questionado por Modigliani no filme, quanto custou aquela mansão, Delacroix responde que a comprou com a venda de um pequeno quadro.

Bom, é isso.

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